NACILIA EMIR
É o nome literário de Nacilia Emir García Veiga, natural de Belgrano, Montevidéu, Uruguai, onde nasceu em 3 de julho de 1950.
Está radicada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, com sua avó Maria Jung.
Filiada à Casa do Poeta Riograndense na categoria Efetivo Literário.
Publicou Cacos de Luar (Col. S. Vidal, Porto Alegre, 1985).
Reside atualmente em San Francisco, USA.
LITERATURA RIOGRANDENSE VOL. 6 (Poesia & Prosa). Org. de Nelson Fachinelli. Capa de Mozart Leitão. Porto Alegre, RS: Editora Proletra, 1985. 126 p. Col. Literatura Riograndense Atual, v. 6). Ex. bibl. Antonio Miranda – doação do livreiro Brito (DF)
NOSTALGIA
Até hoje compartilhamos
tantas, tantas coisas
Dividimos tantas, tantas outras
nossa solidão, nossa nostalgia
Um copo de vinho
Um disco, um caderno,
Um quadro, a lua,
Um pensamento, um segredo.
Algumas sensações, um livro,
Um sonho, um beijo...
Até hoje partilhamos
Muitas coisas.
Menos a nós mesmos.
POEMA 79
Meu melhor poema
creio que foi o
relato de minha vida.
Nele não necessito
explicar o porquê
de minha existência.
Como não ser o melhor
se nele te nomeio
e me nomeio...
Minha melhor verdade
creio que foi, que
tu, apareceste em minha vida.
ONDE ESTÁS
Te vi e de mim te foste
Te chamei, te gritei e não ouviste
Estou te chamando
Onde estás?
Estou te procurando
Onde estás?
Não me resigno...
Desde o silêncio de minhas entranhas
com todas as minhas forças, com todo meu ser
Estou te procurando
Onde estás?
Com torrentes de lágrimas
De mil e mil formas
Estou te procurando
Onde estás?
Onde?
Sublime felicidade.
QUERO ENCONTRAR-ME
Hoje me nego a seguir vivendo.
Vivendo como até agora.
Nego-me a seguir dia a dia
na rotina de uma máquina de escrever.
Hoje, hoje quero ser livre, livre como
um pássaro, como o vento...
Para poder correr pelos campos
pelos trigais, e ver minha gente.
Hoje quero selvagemente molhar minhas
entranhas em uma morna torrente.
E assim gritar, rir, ser feliz
por todas as coisas boas que tem a vida.
Não quero sentar-me livre
de compromissos e assim poder escrever
um livro, ainda que mais não seja,
para quando tenha meus filhos.
Hoje me nego a perder mais anos
atarás de uma mesa de escritório.
Hoje, hoje quero encontrar-me com um
quem sabe... Quantos anos de minha vida.
O COMEÇO DE MINHA SOLIDÃO
Hoje é o último dia do ano
ou seja, trinta e um de dezembro.
Enquanto nervosamente arrumas o
nó de tua festiva gravata.
Eu, leio Quintana, um dos meus
poetas preferidos.
Tuas palavras ferinas, com tanta
crueldade agridem minha pele,
sulcam, rasgam minha alma em mil
pedaços diferentes.
Condenando-me a minha solidão,
talvez eternamente...
NÃO POSSO ENCONTRAR
Nos frios e escuros dias
de minha existência
sentindo o peso dos anos,
procuro algum lugar...
Porém, nada, nada
posso encontrar...
Só áridos caminhos de
silêncio e edifícios
de solidão.
Só, só isto há.
LEMBRANÇAS
Quando cinquenta ou sessenta invernos,
Começarem a marcar meu fim.
Quando as linhas do meu rosto,
Sulcarem caminhos de anos em minha pele
Quando minhas mãos se imprimirem de rugas
e tremores.
Quando minha voz se aquebrantar
E já não mais te possa nomear.
Quando meus cabelos rebeldes,
Se tornaram prateada virtude
Quando meu modo de ser e sentir,
Já não possa plasmar e transmitir.
Quando essa hora chegar,
Quero que não chores, nem te lamentes por mim.
Somente quero que lembres que
Um livro com amor deixei para ti.
*
VEA Y LEA otros poetas del URUGUAY en nuestro Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/uruguai/uruguay.html
Página publicada em setembro de 2021.
|